segunda-feira, 24 de setembro de 2007

ENTRECORTES

Eram duas, duas cadeiras, ou duas mesas, ou duas, quatro, cinco, oitocentos e noventa mãos! O tanto que pudesse abrigar o nada que lhes habitava a alma:

*
Brasília, dia, mês, ano

Astácia,

Me falaram que a vida é feita de caquinhos. Comprei ontem meio quilo de cola. Imagine meio quilo de cola colando a vida! Nem pude sair de casa por conta do êxtase.

com flores de plástico,
Magnólia
*
*
Brasília, dias depois, mês mesmo, ano

Astácia,

A maldita cola não deu nem pra fazer pipa. Imagine que anda tudo um vitral só. E quase que rasgo o papel e a vida.

com flores laranjas,
Magnólia
*
*
Brasília, quando eu quiser que seja

Magnólia,
E os meus cacos com isso?
ass
Astácia
*
*
Preguiça de por data

Astácia,

Onde estavam mesmo os caquinhos? O que eram mesmo os caquinhos? Ah sim! A vida e seus caquinhos. Parece coisa de criança isso. E deve ser mesmo e eu estou aqui dissertando sobre caquinhos. Nossa! Nunca escrevi tanto uma mesma palavra numa carta. Você deve estar já enjoada! Mas, você supera isso. Eu supero meus enjôos. Na verdade, eu tomo remédio para isso, ou contra isso como quiseres. Nem me pergunte porque raios mudei a pessoa da frase anterior. Ai, Astácia, que caquinho falta na minha existência?

com flores de limão,
Magnólia
*
*
Magnólia,
Nem vou datar sua carta de raiva mesmo. Você não anda merecendo nem uma referência temporal com essas suas melosidades! Tô enjoada e entornando a pia de vômito! O que eu faço com as tripas que vão para fora, rasgo junto com seus caquinhos? Tenha dó mulher!
Astácia
*
*
Astácia,

O que há contigo? Eu...eu...eu... Não vou continuar, olhe enfie as cartas na suas métrica de verso único, sua tola atolada! E caco não rasga desmantela
ps: também não ponho data

Magnólia
*
*
Oras Magnólia,
Nem me venha chorar pitangas e mandar eu enfiar as coisas que isso é falta de respeito! Ai, Magnólia, acho que vou engolir esses caquinhos que você fala para ver se estraçalha de uma vez tudo que tem dentro de mim! Acho que o bolo de chocolate que comi estava podre!
assinado,
Astácia
*
*
Astácia,
Você fala de umas coisas que eu nunca entendo. Você ainda por cima, é insensível e ainda por baixo me fala de dor de estômago e bons modos. Eu te perdôo...Faz tempo que não como bolo de chocolate......Ai,ai,ai, como me dói pensar e já são tantas da madrugada.

com flores de novo,
Magnólia
*
*
Ai,ai,ai digo eu Magnólia,

Olhe aqui, não durma! Acorde Magnólia! Acorde! Tudo bem eu ia fazer um trocadilho besta, mas aí você vem com essa história de perdão que me cansa. Nunca pedi para ser perdoada, perdão é piedade sem orgulho. Eu quero todo orgulho do mundo para essa minha cara batida, e não quero piedade, piedade não mesmo.
sem flores nem velas,
Astácia
*
*
Astácia,

Você anda precisando de psicólogo, psiquiatra ou um psiu nessa sua boca. Não vou falar mais nada,
talvez eu precise também...

com flores, velas e dedo,
Magnólia
*
*
Magnólia,
Escreva nessa sua boca roxa e entupida de flores:
Fui Embora!
ass: Astácia
*
(compilação irreal de fatos mais reais ainda)

5 comentários:

yuri disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
yuri disse...

olhem para mim: sou agora um leitor dilacerado.

ótimo.

yuri disse...

hein, pode ser desistência pensamental minha, mas creio em uma maior dialética a ser posta aqui nesse café.

vocês?

pit disse...

ana rita, parceira eterna de copo e de cruz.
(re)começamos bem.

acho que a velha astácia nunca perdeu a forma, embora lhe falte alguma coisa. um ene e um a, quem sabe...


yuri, não captei.

ana rita disse...

A Ast�cia falta muita coisa... POr isso que ela est� a� de p� e talvez apare�a qualquer dia desse, com ou sem magn�lias...