sábado, 21 de maio de 2011

Recuerdos de un ateo (vol. 3)


minha geração teve:

controle demais ( )
doutores demais ( )
cantores demais ( x)


Vol 1: AQUI
Vol 2: AQUI

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Ab surdo

deixar de lado o peso do contido
e, afinal, solto, se eu sou reclusão
eu passo bem com você;
temo pouco a solidão

mas final de semana
posso ser
posso ser
e também ficar na cama
pode ser
pode ser
se a gente bem entender

e seu eu disser que não
você disser que sim
somos então parte do mundo
de quem reparte com tranquilidde
e não vê no lado esquerdo da vida
um canto tão absurdo

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Não entendo

Eu digo uma coisa e faço outra
Penso uma coisa e sinto outra
Até meus sonhos me traem
Neles, a gente se abraça
E fica tudo bem

domingo, 27 de setembro de 2009

Coração é para sair do peito 2

Enxergava nas pedrinhas das calçadas
os seios doces da amada
Sobre o cascalho, não titubeava
Abria os braços
e voava rasteiro
ouvindo o alvoroço da moça

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Pecado de atéia

Astácia é de uma família igual a sua, com as mesmas manias de domingo e aquele cafezinho depois do almoço. Mas, Astácia, ela não é igual a você. Ela não senta na ponta da mesa para contar potoca e asneira. Astácia, na mais da verdade, gosta mesmo é de café frio.

Para com essa besteira, onde já se viu, café frio... Aí ela foi se encolhendo, deixando a fumaça do bule lhe perpassar os botões da blusa.

Só que Astácia de tanto suar a espinha um dia estalou e sentou na ponta da mesa. A visita na sala e ela folheando a gaveta de panos de prato. Você viu, a alface tá um absurdo na feira...

Astácia adorava as rendinhas com patinhos desenhados, a cerquinha, um lago de linha azul desfiada, um mundo que não era o dela e que nem era.

Aí a visita saía, ela pegava a xícara e no canto da despensa, onde a vassora pendia atrás da porta, Astácia extraí as últimas gotas do café mais frio. A felicidade caí fresquinha da porcelana.

Astácia amava, mas só quando a visita não demorava de café secar na xícara.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

eu estive aqui

aos quarenta ela ainda pegava o trem, sobretudo quando se sentia sozinha. era mais confortável a solitude na multidão, passando pelos túneis e ouvindo a voz plástica ditar as paradas. nos táxis a solidão era desoladora porque a segunda pessoa sempre achava dever quebrar o silêncio, falar do banal, ligar o som ou sei lá o que. era também por isso que aos quarenta ainda pegava o trem, além das razões ambientais e financeiras.
aos quarenta ela preferia os trens aos ônibus, porque evitavam o tráfico e não eram tão óbvios. na cidade dela, tinha que caminhar mais para entrar e depois para saltar dos vagões. é incrível como a gente pensa melhor enquanto caminha. ela não tinha medo da caminhada nem da solidão, propriamente.
acontece que aos quarenta ela ainda tinha um medo incontrolável e tinha aquela aflição e a vontade de se isolar.ela ainda tinha as mesmas lágrimas de vinte anos antes escondidas atrás dos olhos. talvez por isso sempre tentasse fugir pelos mesmos trilho, ainda que soubesse no que aquilo tudo ia dar.
mas eis que aos quarenta se sentia mais preparada do que nunca para saltar.
durante quarenta anos a existência dela dela tinha causado constrangimento e pesar nos outros e ainda hoje ela se sentia alvo da piedade alheia.
hoje, aos quarenta, entre a estação central e a galeria ela tomou a decisão, sem medo nem saudosismo.sem nada demais nem de menos.
aquele seria o último vagão a ouvir seus pensamentos contraditórios. sacou da bolsa o batom carmim, e antes de descer na 106 sul, escreveu no vidro: 'eu estive aqui'.
assim mesmo, sem identidade como qualquer um que se senta em um vagão do metrô saindo da central para a periferia,
'eu estive aqui'.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Recuerdos de un ateo (vol. 2)


Eu ponho o meu cachecol
não me importo com a lenha que queima
pro que eu faço eu sou um farol:
o sozinho que me acalenta.