domingo, 2 de dezembro de 2007

infantília número zero

Ela não sabia mais o que dizer.
Resolveu voltar às serifas, porque em grotescas ficava difícil se firmar.

Mas não era isso o importante.
Mesmo porque esse assunto era voto vencido e em breve bateria as botas.

Fim de um ciclo é quando ele começa de novo?
Como João Cabral, achou também absurdo o começo pelo ovo.

Mas
Ave Maria! (1)


Que tanta pensação era aquela?


Se não sabia, de certo não era assunto seu.
Talvez o pai tivesse deixado esses pensamentos jogados por aí e eles, perdidos, foram parar nos guardados dela.
É, com certeza esse era um dos devaneios do pai.

Se não sabia, de certo não era assunto seu.
Deus sabia o que fazia, só às vezes esbarrava nas incredulidades de papai.

Deus sabia o que fazia.
Se não sabia, de certo não tinha de saber.
Foi o que pensou e foi tão reconfortante que deu um soninho bom.

Esfregou os olhos, depois de tirar os óculos, logicamente e deitou-se nas penas de ganso revestidas em fronha 100% algodão (era o que dizia o rótulo, e se dizia, é porque era, Deus não permitiria...).

Deus sabia o que fazzzzzzzzzzz. (2)
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1 (N. do E.) De certo não era brasiliense, ou, se era, não era jovem, porque disse assim mesmo, em palavras completas: Ave Maria, não Af.
2 (N. do E.) Antes de concluir o raciocínio pegou no sono, a palavra ficou presa.

3 comentários:

ana rita disse...

Um puta texto (e por que é que puta quando vira elogio passa pro masculino?).
Mas bem, Pit numa versão impressionante, apesar do trocadilho da grotesca (sou mais helvética). Gostei da palavra presa, só acho que o parágrafo do guardanapo podia ser melhor...
(e solte a palavra

pit disse...

grotesca é uma coisa, helvética é outra, minha cara.

as grotescas são todas as fontes sem serifa, helvética é uma delas.

Tay disse...

incrível!
meu orgulho você.

concordo com a ana rita!
um puta texto.