segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

rapadura é doce...

Costumo ouvir conversas alheias, uma espécie de voyerismo verbal. Adoro pegar frases pela metade, histórias pelo fim e perguntas soltas. Fico mentalmente criando diálogos, imaginando a palavra alheia.
Dia desses, estava em um churrasco. Desses de família em um domingo à tarde, pensando na vid. Quando ouço um senhor contando causos ( contar causo é quase tão bonito quanto contar história)
Um homem lá pelos sessenta falando da vida. Meu pai quando chegava em casa... Nós eramos 16 filhos. Chegava com duas lapas de rapadura. Daí pedia: Mulher me dá o facão! Ela buscava correndo. Ele pegava e tchum, tchum tchum, partia tudo e dava pra meninada.
Minha mãe ainda questionava: Mas homê não vai guardar nada pra depois não? Aí ele dizia: O que é pouco a gente não guarda, se farta logo e se assossega.
Guardei isso pra minha vida. Eu que sempre me preocupei em economizar sentimentos. Mania de ser reservado e se reservar. Já que a essência é pouca, melhor gastar logo tudo que viver a vontade eterna de se usar.

2 comentários:

Flávio A disse...

imaginei você ouvindo essa história pelo final, dava um bom conto de terror.

L. L. disse...

que bonito isso.