Um bar, uma cerveja, cadeiras, mesas. Não é preciso muito para se lotar a alma de um tédio vazio e espumoso. Você senta, mira o copo na boca, e entra aquela moça de calça verde. A cerveja continuaria caindo na língua, não fosse aquela moça de calça verde limão.
Juro, o bar inteirinho parou para ver a mulher que espremia a bunda dentro daquela calça. Não era de um verde mais verde, nem a bunda era tão grande assim, mas aquele sistema instável (bunda apertada-calça verde) retirava várias gomas de oxigênio do ar.
Cada um ia de rabo de olho criando uma mão imaginária que apertava a bunda verde e a espremia e ela inchava, crescia, cada vez mais e mais. A moça, distraída, tamborilava os dedos no balcão e a bunda ia crescendo, imensa, inegável, esticando o tecido verde da calça.
Os garçons não conseguiam mais servir ninguém, a flanela do seu Walderez não limpava nem a garrafa de pinga, nem os copos. Nessa hora, a bunda já estava alcançando as dimensões de uma mesa de sinuca. Na verdade, já estava maior, ia tomando proporções enormes, gigantescas, de calamidade pública!
A malícia que inicialmente enchera os olhos das pessoas ia se transformando em pânico, em pavor, em medo, medo daquela bunda verde imensa, colossal, ocupante de todos os cantos do bar e agora da rua, dos postes, das calçadas, dos cachorros, dos outdoors e das moedas dos pedintes. Podia se ouvir o barulho das fibras da calça verde cedendo ao crescimento da bunda!
Mas então a moça pagou o maço de cigarro e saiu tão distraída quanto quando chegara. A bunda apertada na calça verde foi esvaindo-se com os passos da moça. Respirava-se. O bar retornava a normalidade, podia-se bebericar a cerveja e rir do bêbado falando: imagina o barulho daquela bunda explodindo...
domingo, 26 de julho de 2009
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Um comentário:
Não dá pra jogar no time dos chatos. Mas acontece que você me prendeu tanto e me soltou muito fácil no final. Mas senão pelo completo, foi certeira ao longo. Bom texto.
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