Astácia é de uma família igual a sua, com as mesmas manias de domingo e aquele cafezinho depois do almoço. Mas, Astácia, ela não é igual a você. Ela não senta na ponta da mesa para contar potoca e asneira. Astácia, na mais da verdade, gosta mesmo é de café frio.
Para com essa besteira, onde já se viu, café frio... Aí ela foi se encolhendo, deixando a fumaça do bule lhe perpassar os botões da blusa.
Só que Astácia de tanto suar a espinha um dia estalou e sentou na ponta da mesa. A visita na sala e ela folheando a gaveta de panos de prato. Você viu, a alface tá um absurdo na feira...
Astácia adorava as rendinhas com patinhos desenhados, a cerquinha, um lago de linha azul desfiada, um mundo que não era o dela e que nem era.
Aí a visita saía, ela pegava a xícara e no canto da despensa, onde a vassora pendia atrás da porta, Astácia extraí as últimas gotas do café mais frio. A felicidade caí fresquinha da porcelana.
Astácia amava, mas só quando a visita não demorava de café secar na xícara.