quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

À luz de velas

Somos borrões.
As velas apenas nos realçam,
é o melhor iluminar:
d'onde se enxerga do máximo, o mínimo,
só o que se deve mesmo
pois ver tudo decepciona,
se veria até restos, traços alheios que marcaram o ser,
tem coisa pior do que restos?
Muita luz tira o brilho..

Há entre tantas ausências e presenças,
nos relances de te ver,
o instante de te enxergar.
E é aí o encontro.
Ah.. te encontrar de novo:
o esforço dos meus olhos
tentando se acostumar à penumbra,
o esforço de me acostumar aos seus trânsites,
toda a inconstância é você.
Por isso borrões.
Te ver é enxergar que não és só ser,
és o talvez, o pode ser, ou não..
apenas contorno falho.
instantes.
E falta de instantes também:
o só estar agora,
num jantar à luz de velas,
e o não estar em outros tantos momentos,
quando estamos na luz-clara de razoáveis pensamentos.

3 comentários:

Anônimo disse...

fluindo bonito, assim, levinho.
onde eu ass(ass)ino?

L. L. disse...

Contornos falhos são muito mais interessantes.

lindo, lindo.

ana rita disse...

gostei bastante
já tinha matutado sobre essa idéia e vc conseguiu colocar muito bem no papel ou na tela.