Nunca disse nada sobre chuva, nem nunca nada precisou ser dito:
A primeira chuva de caju vem coberta de fuligem, de ácido, de restos
E vai travando o ar até se despedaçar no chão
A segunda chuva arranca o oléo da pista, arrasta folha seca, faz barro vermelho
É como uma vassoura de palha arranhando o azulejo
Depois vem a terceira e a quarta e a quinta e a centésima
Até que vire só água caída escorrendo nas fossas
Nessas horas, eu invento de dizer qualquer coisa e o poste risca amarelo com chuvisco:
Eu abri as janelas e molhei meu colchão
Eu abracei as goteiras, ouviram?
Eu amarrei minhas unhas ao vento e lambi todas as nuvens
Não queiram me falar de deus nenhum nessas horas
Porque se o céu cai agora é por conta de mim
Amém
sábado, 20 de setembro de 2008
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5 comentários:
desculpa se vocês lerem e pensar: má que prepotente, achar que nós duas estamos aí.
mas é que ficou muito interessante tudo isso.
ana rita precisa de uma revolução na vida.
entende?
o final é de uma lindeza.
chuva, frio e calmaria na tisteza dessa tua crônica ....
meu deus, quanto tempo sem vir aqui! adorei essa seqüência das pernas, perfeito! hahaha. abraços a todos.
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